Já faz um considerável tempo que ensaiava esta publicação, mas por motivos diversos, a 118 Garage e tudo relacionado a ela ficaram de fora do meu cronograma de atividades. Agora, tomado por uma boa dose de vergonha na cara, resolvi colocar tudo em dia na garagem, e estou dando uma atenção especial aos assuntos esquecidos e projetos abandonados, que oportunamente, serão divulgados por aqui. Mas para dar início a esta nova fase, vou começar por um tema um tanto quanto antigo, que acabou de completar seis meses! Sim, exatos seis meses atrás, eu adquiri um belíssimo exemplar para minha coleção, e a história é tão interessante, que merece uma postagem especial.
Em meados do mês de junho de 2012, encontrei um anúncio para a venda de um conjunto de três modelos customizados na escala 1:18, cujo vendedor era uma empresa, a KMC Brasil. O principal modelo do anúncio era uma pick-up Ford F1 1948, com uma customização extremamente radical, com pintura preta fosca, tudo no melhor estilo Rat Rod. Como coadjuvante no anúncio, mas não menos provocante, estava outra pick-up Ford, uma F100 1956 modelo americano, também preta fosca, no estilo Rat Rod, porém, com uma customização mais suave, se é que existe customização suave! Por último, praticamente fazendo figuração no lote, estava um reboque no estilo Vintage, que servia de base para a F1 mais insana já vista no Brasil.
Meu desejo era comprar o lote, tamanha era a exclusividade do conjunto, mas como havia feito alguns gastos volumosos nos meses anteriores, não tinha condições de adquirir tudo. Foi então, que parti para o plano “B”: entrei em contato com o vendedor para tentar convencê-lo a desmembrar o lote, e então, vender apenas um dos modelos. Minha intenção era pegar apenas a F100 1956, pois este modelo de pick-up faz parte da minha coleção, e também poderia se encaixar no tema Rat Rod. Para minha total surpresa, a KMC Brasil atendeu ao meu pedido, e fechamos negócio pela F100.
Fui retirar pessoalmente a minha aquisição, pois a KMC Brasil tem sua sede numa cidade do oeste catarinense, mais precisamente em Chapecó, distante apenas 40 km da minha casa. O encontro com o proprietário da KMC Brasil, Alex Sandro de Martini, foi sensacional! Ele foi muito atencioso comigo, demonstrou ter uma habilidade incrível com a customização e automação de modelos em miniatura, além de ser um grande conhecedor de miniaturas na escala 1:18. A empolgação foi tão grande no bate-papo com o criador da mais bela aquisição da minha coleção em 2012, que já estou preparando uma publicação especial sobre o Alex, pois artistas como ele são extremamente raros no nosso país, e mais raros ainda quando são tão acessíveis e gentis.
Bom, mas o foco agora é na F100 1956 Rat Rod, que para minha surpresa e delírio, estava bem diante dos meus olhos, muito mais linda e atrevida do que nas fotos do anúncio. É incrível como não sei descrever o poder que esta pick-up exerce sobre mim! Conversei muito sobre essa dificuldade com minha assessora para assuntos de Língua Portuguesa e Espanhola, bem como para temas polêmicos e de profunda interpretação. Tentamos definir “¿qué pasa?”, não concluímos nada, mas não foi totalmente em vão esta reflexão! Definimos em comum acordo que: uma expressão emblematicamente latina, que diz muito sem entrar no mérito da questão, que permite várias interpretações, e o principal, que poderia batizar a minha F100 1956 Rat Rod, não poderia deixar de ser La Poderosa.
Sim! La Poderosa também era o nome da motocicleta Norton 500cc 1939, usada por Ernesto “Che” Guevara na sua viagem de seis meses pela América do Sul em 1952. Nesta viagem de Buenos Aires (Argentina) até Caracas (Venezuela), foram rodados aproximadamente 12.000km, e as injustiças sociais observadas nos países por onde andou, revoltaram e serviram de inspiração para que “Che” se tornasse um dos maiores revolucionários comunistas, influenciando milhares de pessoas.
A minha La Poderosa é exatamente assim:
– possui um ar de rebeldia, que é comum aos revolucionários, e que nela é destacado pela pintura simples, mas de altíssima qualidade, em preto fosco, o que dá um aspecto despreocupado, e que, em contra partida, esbanja atitude e forte personalidade;
– é extremamente provocante, culpa do conjunto de suspensão e rodagem, composto por rodas de Pontiac do fim da década de 60, porém, com pneus de banda branca, que estão devidamente acomodados numa suspensão ultra rebaixada, que mesmo sem esterçar as rodas dianteiras, garante um efeito impressionante;
– é desafiadora, como quem pede para ser perseguida, ou melhor, para ser acelerada, e no compartimento do motor, está lá um V8 big block de Mercury, do fim da década de 60.




Rafa!
Parabéns pela iniciativa! Fiquei encantada com o seu blog, que é FANTÁSTICO na integralidade da palavra. É incrível ver uma “brincadeira de criança” tornar-se uma “brincadeira de verdade, de gente grande”. Para algumas pessoas paixões de infância se desgastam com o passar do tempo. A criança entra na fase adulta e acaba deixando de lado aqueles objetos que lhe proporcionaram prazer e alegria. Já para outras, os objetos continuam sendo importantes durante o resto da vida, mas deixam de ser um brinquedo e viram peças de coleção com um grande valor sentimental. Torna-se uma paixão sem fim, cresce a cada dia, conquista o coração, se fortalece e se mantém viva. Essa paixão desenfreada por miniaturas iniciou na sua infância e percorreu as demais etapas da sua vida, permanecendo viva em você. Hoje tu és um apaixonado apreciador e colecionador de carrinhos em miniatura, com histórias fascinantes a serem contadas e que com certeza contagiarão não somente os apaixonados por carros, mas também aqueles que como eu, são leigos no assunto, e que por incrível que pareça, de alguma forma se sentirão atraídos por essas lindas e exuberantes miniaturas.
Admiro a sua paixão, a sua criatividade e a sua cultura automotiva.
Adorei a sua La Poderosa! Além de todas as qualidades que já lhe foram dadas poderia dizer que ela é ainda: atrevida, irreverente, elegante, magnífica, literalmente “poderosa”.
Um super beijo.
Cléris