O início

Publicado: 29 de agosto de 2012 em Uncategorized

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Na minha infância sempre tive poucos carrinhos, tanto que, a grande maioria deles foi destruída de tanto brincar. Quando eu pedia aos meus pais um modelo novo para brincar, recebia a seguinte resposta: “Você só vai ganhar outro carrinho quando já tiver brincado bastante com este que você tem aí!”

Desde pequeno fui apaixonado por veículos automotores, e era normal que eu recusasse um convite para jogar bola ou andar de bicicleta, se tivesse a opção de brincar com os carrinhos. Era só cogitar essa possibilidade de brincadeira comigo, que lá estava eu, com os meus modelos preferidos na mão, prontos para começar as aventuras por estradas e cidades imaginárias. Conforme fui crescendo, a paixão pelos automóveis foi crescendo na mesma proporção, e aí está o problema: eu cresci muito, e a paixão também!

Lembro que no fim da década de 80, passei a freqüentar as agências autorizadas de automóveis, em parceria com um amigo. Não tínhamos dinheiro para comprar um carro, e no meu caso, muito menos sabia dirigir (o meu amigo já dominava o Fiat 147 dos pais dele), mas sempre dávamos um jeito de conferir os carros recém chegados às lojas, e pedíamos folders com os lançamentos. Lembro muito bem de dois carros, que na época, eram nossos sonhos de consumo: o Uno 1.5R e o Gol GTS. Foi exatamente nesta época, que passei a procurar literatura sobre o assunto Automóvel. Lembro que meu primeiro exemplar da revista Oficina Mecânica, ganhei dum amigo que, por ser alguns anos mais velho, já possuía larga experiência teórica e prática com carros. Inclusive, foi com ele que andei pela primeira vez na vida acima dos 160 km/h, sentado no banco do carona do Monza 1.8 SLE branco, que era mantido sempre impecável!

Os anos seguintes foram de peregrinações constantes até a banca para comprar a revista Oficina Mecânica. Logo que abria a revista, folheava até a matéria sobre adaptação, onde normalmente apresentavam um carro antigo modificado ou super preparado. Aí está outro marco no meu mundo automotivo: o início da paixão pelos carros antigos e hot rods. Os anos passaram rápido, e essa paixão, que deveria ser apenas passageira ou mera curiosidade, foi ficando cada vez mais forte e consistente, principalmente com o embasamento literário que havia conquistado ao longo dos anos.

Em 1996 entrei na faculdade de Engenharia Mecânica, e lá, encontrei vários indivíduos, que assim como eu, estavam infectados com o vírus da ferrugem automotiva. A faculdade em si não tinha como foco principal o setor automotivo, mas mesmo assim, o tema era constante entre os colegas e professores, e me lembro bem de várias conversas intermináveis sobre quem era melhor: Ford, Chevrolet ou Dodge. Foi nesse ano que tive o meu primeiro contato com outra grande paixão, dentro dessa minha doença automotiva: as carreteras. Essa paixão é inexplicável, e talvez, para entender esse sentimento, somente recorrendo às teorias espíritas, visto que, não vivi aquela época, e nem tenho ligação direta ou indireta com alguém que tenha vivido aquela época, mas sinto que elas fazem parte da minha vida desde sempre. É estranho demais, mas prefiro curtir esse sentimento e não buscar muitas explicações.

Seguindo cronologicamente, nessa época, além da revista Oficina Mecânica, eu acabei descobrindo outra revista excelente, com foco nos carros antigos e hot rods: a Auto & Técnica. Comprei a revista praticamente nos seus primeiros números, ou seja, acompanhei o seu surgimento e evolução desde o princípio. Em 1999, através dum anúncio na Auto & Técnica, soube que havia uma revista da mesma editora, cujo tema girava em torno de miniaturas de automóveis. Fiquei interessado, e tratei logo de comprar uma edição da revista MiniModels, mais precisamente, a número 4. A revista era do tamanho de um gibi, e vinha com uma miniatura Hot Wheels de brinde, o que me deixou muito satisfeito e curioso. Detalhe: a miniatura em questão era um Plymouth Roadrunner 1970 laranjado com faixas pretas.

Essa simples aquisição da revista MiniModels, desencadeou o início da minha coleção de Hot Wheels.  Cheguei a montar um acervo com mais de 30 carrinhos em menos de um ano, mas no final de 2000, resolvi investir nos carrinhos maiores na escala 1:43, e doei todos os Hot Wheels para alguns colegas de faculdade.

Ao mesmo tempo, a minha paixão pelos carros antigos estava crescendo assustadoramente, tanto que, consegui comprar o meu primeiro carro em 2001, num sufoco financeiro tremendo. Era um Chevrolet Impala 1958 Yeoman, apelidado de Azulão. Era raro, estranho, assustador, mas infelizmente, tive que vendê-lo pouco mais de um ano depois de comprá-lo. O motivo da venda? Falta de grana para restaurá-lo, e principalmente, falta de espaço para guardá-lo! Neste tempo, porém, não abandonei minhas revistas, ao contrário, passei a comprar exemplares mais antigos, das décadas de 60, 70 e 80, sempre focando nas carreteras, nos carros antigos, nos V8 e nas competições das décadas de ouro do automobilismo brasileiro.

Ainda no ano de 2001, no meu aniversário, ganhei de presente da minha irmã o meu primeiro carrinho na escala 1:18. Era um charutinho de corrida da década de 30, mais precisamente um Bugatti 1934 type 59 azul da marca Burago. Nos dois anos seguintes, novamente ganhei de presente da minha irmã modelos 1:18, sendo uma Mercedes-Benz 300 SLR 1955 Mille Miglia da Maisto e uma Pick-up Studebaker 1937 Coupe Express da Yatming.

Também não larguei de mão meus carrinhos, tanto que, em 2002, cheguei a comprar um lote com mais de 20 carrinhos 1:43 da Del Prado, cujo vendedor era o Mário “Oldjunior”, considerado uma lenda viva entre os colecionadores mais experientes. Foi a maior compra que havia feito até então pela internet, e fiquei com tanto medo de levar calote, que liguei para saber se o cara existia mesmo. Mas ele existia, e teve uma paciência enorme para me agüentar com toda a minha falta de experiência. Mas o tempo passou, e descobri que achar carrinhos 1:43 aqui na minha região era muito difícil, e bancar a coleção com carrinhos comprados pela internet era caro demais. Por conta disso, a minha coleção foi parando lentamente.

No início de 2003, eu ganhei da minha irmã dois carrinhos Hot Wheels na escala 1:64. Ela pensou que estava me fazendo uma grande sacanagem, dando dois carrinhos pequeninhos para um marmanjo com quase 25 anos de idade. Na realidade, ela acabou me fazendo voltar ao ano de 1999, e retomar minha coleção de Hot Wheels. Consegui entrar em contato com alguns ex-colegas da faculdade, e recuperei meia dúzia de carrinhos que foram da minha coleção, inclusive o n°1, o Plymouth Roadrunner da revista MiniModels.

Meu foco principal sempre foram carros antigos e Hot Rods, que são as minhas grandes paixões, mas acabei abrindo espaço para outros tipos de carros, e acabei perdendo o tema e o controle da coleção. Investi pesado nos Jada Toys, modelos que são bem diferentes dos tradicionais na escala 1:64, sendo até chamados de “tortinhos” por colecionadores mais puristas, mas que criaram uma legião de fãs e seguidores pelo mundo ao longo dos anos. Lembro que o primeiro Jada Toys da minha coleção veio dum colecionador que insistiu muito para que eu conhecesse pelo menos um modelo da marca, justamente um Impala.

O resultado dessa experiência ao vivo foi uma paixão arrasadora! Me dediquei demais aos Jada Toys, e sofri para fechar as “waves” das séries que mais me interessavam: DubCity, RoadRats, StreetLow, Homie Rollerz, e a mais famosa de todas: Big Time Muscle. Foi uma época incrível da minha coleção, pois já tinha mais conhecimento, tanto sobre os fabricantes, como sobre os temas, mas principalmente, possuía uma boa rede de amigos também colecionadores.

Com a coleção andando mais que Cadillac 59 sem freios morro abaixo, não demorou muito pra surgir o primeiro problema: as taxações em larga escala! Esse simples fator foi o responsável por praticamente inviabilizar minha coleção por quase dois anos! Nunca fui e nem sonhei em ser um comerciante de carrinhos, por isso, ficava indignado ao pagar noventa e três por cento de imposto sobre mercadorias que não eram mercadorias, eram os carrinhos da minha coleção! 

Mas graças ao Senhor do Bonfim, um baiano arretado cruzou o meu caminho exatamente nesta época, e tomados pela mesma indignação, formamos uma parceria entre nossas coleções. Era dezembro de 2006, e começava ali, uma união em prol do colecionismo, mas que se tornaria uma grande amizade. Na verdade, tenho certeza de que a minha coleção só existe hoje, por conta desta parceria feita há quase seis anos atrás!

Até então, minha coleção tinha como foco os carrinhos na escala 1:64, das marcas Hot Wheels, Jada Toys, Maisto e Johnny Lightning, mas em 2008 comprei alguns Jada Toys na escala 1:24 das séries D-Rods e Road Rats, e também alguns Hot Wheels na escala 1:18. Este tempo, que durou pouco mais de um ano, pode ser considerado como um período de reestruturação da minha coleção, me desligando de alguns temas e buscando concluir os incompletos. Foi um tempo de muita pesquisa, e o mais importante, a definição dos rumos a serem seguidos nos próximos anos.

Em 2010, mais precisamente no dia 16 de Junho, o amigo e customizador Jota Erre, publicou no seu site algumas fotos de modelos Ford 1932 da GMP na escala 1:18. Eu simplesmente surtei quando vi, e inevitavelmente, me apaixonei pelos “grandões” da GMP. Em menos de dois meses após ver a postagem, já estava colecionando miniaturas na escala 1:18, e o melhor, sabendo muito bem o que incluir na lista de futuras aquisições.

Hoje, 29 de agosto de 2012, não por coincidência, data do meu aniversário de 34 anos, dou início a mais uma fase na minha coleção: a divulgação. Daqui pra frente, pretendo contar algumas histórias desses longos anos colecionando, expor alguns modelos que fazem parte do meu acervo, comentar sobre carros antigos, enfim, registrar aqui os fatos que forem ocorrendo nos próximos anos da 118 Garage.

Rafael Afonso Busanello

comentários
  1. Avatar de Fontoura Fontoura disse:

    Grande amigo Rafael, é com imenso prazer que visito tua página, onde, entre muitas coisas, remete ao tempo em que nos conhecemos, na faculdade, e o assunto carros antigos, hot rods, acabou por formar o elo de amizade, a qual mantemos até hoje. parabéns pela tua página, que, tenho certeza, vai tornar-se em referência para todos aqueles que curtem o colecionismo, independente da escala escolhida.
    Um grande abraço, amigo.
    Fontoura.

  2. Avatar de Letícia Busanello Letícia Busanello disse:

    Rafa!
    Adorei a tua página e, enquanto estava lendo fui lembrando de cada passagem e, não podia deixar de comentar sobre a compra do “Azulão”. Que maluquice!!! Eu pensava assim: “esse meu irmão é louco” e eu, fui mais louca ainda apoiando a tua idéia de comprar um carro fúnebre. Nego! Tu, mais do que ninguém, sabe como sou orgulhosa da tua coleção e, sei o quanto você valoriza cada uma das tuas conquistas. PARABÉNS pela tua página!!! Com certeza será emocionante para quem te conhece, ler sobre tuas paixões. Tua sobrinha Bruna, já está com ciúmes e, quer que você fale da coleção dela de Fuscas. Te Amamos Muito!!!
    Mil beijos… Leti e Bru

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